quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Biblioteca fecha cedo

Referência cultural de Ceilândia há quase 16 anos, a Biblioteca Pública Carlos Drummond de Andrade tem um acervo de 40 mil títulos. Um exemplo para as outras bibliotecas do Distrito Federal. Tudo parece funcionar bem, até quando o sol se põe.

Desde janeiro deste ano, a biblioteca passou a fechar às 19h. Antes, ficava aberta até 22h, ou seja, três horas de diferença e prejuízo para os frequentadores.

“A gente que ficava até mais tarde, se dedicava mais ao estudo, agora não tem mais esse privilégio. Quem trabalha o dia todo, só tem tempo de chegar, pegar o material e voltar pra casa”, reclama o auxiliar administrativo Cléber Pereira Batista.

Com o novo horário, a biblioteca está perdendo público. “Eu frequentava, sim. Agora estou frequentando a de Taguatinga, porque lá funciona até dez da noite”, conta o auxiliar administrativo Edmar Machado de Oliveira.

A servidora pública Maria José da Silva, também frequentadora, tem outra estratégia. “Eu estudo em casa. É mais difícil. Sempre tem alguém perguntando alguma coisa, tem a televisão que atrapalha. Seria melhor se funcionasse no horário normal, o horário de antes”, sugere.

De acordo com a Administração de Ceilândia, o horário foi reduzido por causa da falta de policiamento. Os funcionários da biblioteca reclamam da insegurança e da obra ao lado. Seria um ginásio esportivo, mas foi embargada pela Justiça e agora serve de esconderijo para ladrões.

“Agora eu saio mais cedo, mas corro o mesmo risco. Não tem ninguém aqui. E aí?”, questiona a estudante Sheila Nunes Sobral.

Um abaixo-assinado vai ser organizado para pedir a volta do horário antigo. Portas abertas das 7h às 22h. “Assim, quem chega do serviço às 18h30 ainda tem três horas para estudar, fazer o seu trabalho, pegar livros. Não é todo mundo que tem condições de comprar livros. Então, tem que recorrer à biblioteca pública”, lembra o prefeito comunitário do Setor P Norte, José Corrêa.

Enquanto isso, a pequena Lara Emanuelle da Silva Lemos, 10 anos, tem uma hora a menos de estudo por dia. “Segunda-feira eu estudo até 8h e vai assim até sexta. Quando chega sábado e domingo, estudo pelo menos até 9h”, conta.

O administrador da Ceilândia, Leonardo Morais, disse que a Polícia Militar não tem efetivo suficiente para cuidar da área. Está aguardando a contratação de policiais para deixar a biblioteca aberta até mais tarde.

O comandante do Batalhão de Ceilândia disse que a administração pediu um policiamento fixo na área, o que não é possível, porque deixaria outras regiões descobertas. Mesmo assim, o comandante garantiu que é feita uma ronda, com uma patrulha, em torno da biblioteca.



Fonte: Rede Globo

Nenhum comentário: