A menina que eu fui comprava geladinho na casa do vizinho. A geladeira se universalizou, as sorveterias populares se multiplicaram, Brasília nasceu moderna, mas as placas estão na fachada das casas modestas das cidades-satélites: “Vende-se din-din”. Há algumas variações: dindim, dim-dim, din-dim, mas o modo mais usual na capital da República é din-din. Gostem os filólogos ou não.
Tem din-din vermelho, branco, amarelo, laranja, vinho. Din-din azul! Din-din roxo! Se for só de fruta, o din-din custa R$ 0,50, segundo minhas fontes de Ceilândia e Taguatinga. Se tiver leite condensado, o preço sobe para R$ 0,60 ou R$ 0,70. No Recanto das Emas, por exemplo, a cotação do din-din cai pela metade: tenho fontes seguras que me afirmam ter comprado din-din de uva a R$ 0,25. O Sérgio Maggio comprou din-din a R$ 0,80 no Conic. Não há notícias de que haja no Plano Piloto outro lugar que venda din-din. O geladinho colorido prefere frequentar as cidades-satélites.
Din-din é a denominação que o brasiliense adotou para o sorvete em tubinho plástico que a gente vai roendo, roc-roc-roc, chupando o caldinho, roendo de novo, gelando as mãos até que só reste um fiapo de saco plástico. Din-din é nomenclatura herdada dos nordestinos que ajudaram a construir a nova capital. O din-din muda de nome em cada região do Brasil. É sacolé, gelinho, geladinho, brasinha, sorvete de saquinho, juju, dudu, chupa-chupa, chip-chip, chipe, chupe e encontrei até a variação chope.
A casa das palavras só reconhece a variação sacolé. O Houaiss diz que ele é “uma espécie de sorvete feito de água e xarope ou sumo de fruta, que se congela dentro de um saquinho plástico produzindo um picolé sem pauzinho”. O Aurélio esclarece que sacolé vem do cruzamento de saco com picolé. O Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (o de depois da reforma) reconhece a palavra dindim.
O din-din está na Wikipédia, vejam só. O sorvetinho nasceu na Segunda Guerra Mundial. Foi o modo prático que os mariners encontraram para se alimentar de proteína — os primeiros din-dins eram salgados. No vasto mundo da internet, há receitas e receitas de din-din. Alguns mais elaborados, feitos de pudim, leite, leite condensado, creme de leite. Sacolé diet, sacolé de pavê — não demora muito e a gastronomia vai inventar um din-din-gateau.
O din-din também está no orkut. São mais de cem comunidades dedicadas ao geladinho. Uma delas se chama Chupa-Neném e não tem nada de angelical: dela faz parte a turma que gosta de din-din de cachaça. O cliente pode escolher: caipirinha com limão, maracujá, coco ou amendoim.
Prefiro o de Tang de uva.
Conceição de Freitas
Fonte: Correio Braziliense
Tem din-din vermelho, branco, amarelo, laranja, vinho. Din-din azul! Din-din roxo! Se for só de fruta, o din-din custa R$ 0,50, segundo minhas fontes de Ceilândia e Taguatinga. Se tiver leite condensado, o preço sobe para R$ 0,60 ou R$ 0,70. No Recanto das Emas, por exemplo, a cotação do din-din cai pela metade: tenho fontes seguras que me afirmam ter comprado din-din de uva a R$ 0,25. O Sérgio Maggio comprou din-din a R$ 0,80 no Conic. Não há notícias de que haja no Plano Piloto outro lugar que venda din-din. O geladinho colorido prefere frequentar as cidades-satélites.
Din-din é a denominação que o brasiliense adotou para o sorvete em tubinho plástico que a gente vai roendo, roc-roc-roc, chupando o caldinho, roendo de novo, gelando as mãos até que só reste um fiapo de saco plástico. Din-din é nomenclatura herdada dos nordestinos que ajudaram a construir a nova capital. O din-din muda de nome em cada região do Brasil. É sacolé, gelinho, geladinho, brasinha, sorvete de saquinho, juju, dudu, chupa-chupa, chip-chip, chipe, chupe e encontrei até a variação chope.
A casa das palavras só reconhece a variação sacolé. O Houaiss diz que ele é “uma espécie de sorvete feito de água e xarope ou sumo de fruta, que se congela dentro de um saquinho plástico produzindo um picolé sem pauzinho”. O Aurélio esclarece que sacolé vem do cruzamento de saco com picolé. O Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (o de depois da reforma) reconhece a palavra dindim.
O din-din está na Wikipédia, vejam só. O sorvetinho nasceu na Segunda Guerra Mundial. Foi o modo prático que os mariners encontraram para se alimentar de proteína — os primeiros din-dins eram salgados. No vasto mundo da internet, há receitas e receitas de din-din. Alguns mais elaborados, feitos de pudim, leite, leite condensado, creme de leite. Sacolé diet, sacolé de pavê — não demora muito e a gastronomia vai inventar um din-din-gateau.
O din-din também está no orkut. São mais de cem comunidades dedicadas ao geladinho. Uma delas se chama Chupa-Neném e não tem nada de angelical: dela faz parte a turma que gosta de din-din de cachaça. O cliente pode escolher: caipirinha com limão, maracujá, coco ou amendoim.
Prefiro o de Tang de uva.
Conceição de Freitas
Fonte: Correio Braziliense
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