domingo, 16 de maio de 2010

Um pouco da história dos vendedores

Toda feira tem as bancas tradicionais e suas personalidades. Pode ser um interiorano radicado em Brasília que vende quitutes gostosos, o pioneiro de Brasília que mantém a banca há mais de 40 anos e adora puxar papo com os fregueses, a cozinheira simpática que conversa sem parar e serve o almoço sempre com o sorriso no rosto ou ainda o dono da barraca mais tradicional, que atrai pessoas de todas as cidades. No Distrito Federal, não poderia ser diferente. Os mercados e feiras parecem iguais: galpões recheados de lojinhas de bijuteria, roupas e restaurantes. Mas basta dar uma volta para perceber que cada um tem suas peculiaridades e pessoas únicas que trabalham ali todos os dias.

Durante esta semana, a equipe do Correio percorreu algumas feiras do DF. E foi fácil encontrar as personalidades tão tradicionais. Basta perguntar ao segurança, a um feirante ou a transeunte e a pessoa logo aponta uma entre dezenas de barracas. Alguns trabalham só nos fins de semana, como a baiana do acarajé na Torre de TV. Uma barraca também chama a atenção entre tantas lonas azuis lotadas no cartão-postal: a do Madruga. A bandeira do Brasil e uma foto dele com os cabelos brancos compridos e piercings no rosto chamam a atenção entre adereços e artesanatos à venda. “Já falei tudo o que eu tinha para falar”, disse. E negou a entrevista. A variedade de jeitos, estilos e culturas só mostra que vale a pena conhecer um por um.





Se dependesse da vontade de Evânia Bezerra Santos, 45 anos, o restaurante na Feira Central da Ceilândia se chamaria Quitutes da Loira. Mas a voz do povo falou mais alto. Basta falar “Banca da Galega” e todo mundo pensa logo na comida caseira do Rio Grande do Norte no ponto mais central da feira permanente. “Galega surgiu porque o nordestino chama o branco de galego mesmo. Sou loira falsificada, mas sou”, brincou. Há 15 anos, a galega e o marido acordam cedo cinco dias por semana para cozinhar com carinho a forte comida nordestina. “Às 7h o povo começa a chegar para curar a ressaca com mocotó”, contou ela.

Extrovertida, Galega recebe os clientes sempre com um sorriso, uma brincadeira ou um “o que você quer hoje?” Ao fim do dia, está exausta e sem voz. “Ninguém acredita ser trabalhoso. Mas não é só jogar na panela e cozinhar.” Ela gosta do que faz, mas nunca pensou que um dia ganharia dinheiro cozinhando. “Estudei para ser professora, pensei que fosse dar aula.” Mas o destino a colocou na feira durante um ano, enquanto a irmã tirava licença-maternidade. Virou um vício: “Já tentei sair, mas não consigo”. Nascida em Caicó, Evânia veio para Brasília aos três anos com o pai, pioneiro na construção da capital federal. Sempre que pode, volta às raízes nordestinas.

A feira fica na CNM 2, em Ceilândia. Funciona de quarta-feira a domingo, das 7h às 18h. Os pratos da galega variam de R$ 6 a R$ 15, dependendo do recheio escolhido.



Para ler na íntegra, visite o site da fonte.


Fonte: Correio Braziliense

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