Tudo é improvisado na Praça dos Amigos, na QNP 13, em Ceilândia. O escorregador do parque infantil quebrou. As próprias crianças encaixaram a escada do equipamento defeituoso nas grades de um trepa-trepa — brinquedo formado por barras metálicas posicionadas de forma horizontal e outras verticais que a criança pode escalar — para poder continuar a diversão. Os balanços perderam os bancos e as correntes. Sobrou só a estrutura enferrujada. A areia é suja e há até cacos de vidro espalhados. Quase ninguém se aventura a brincar ali. Os bancos e mesas estão pichados. A quadra poliesportiva não tem refletores e os usuários do espaço reclamam da falta de cobertura. Além disso, o mau cheiro tomou conta do local.
Membros da comunidade cansaram de esperar a manutenção do governo e decidiram agir. Um grupo de jovens se juntou para plantar árvores, grama, cortar o mato alto e até consertar os equipamentos de lazer. Há meses, eles organizaram um torneio de futebol amador. Cada um dos participantes deu R$ 2 para investir nas melhorias. Mas é preciso mais que isso para garantir a manutenção permanente do lugar.
“A administração constrói, mas não volta para fazer a manutenção. A gente tenta fazer alguma coisa para conservar o espaço da comunidade, mas sozinho fica difícil. As coisas quebram outra vez e, como não aparece ninguém para arrumar, os carroceiros acabam levando os ferros para casa”, explicou o auxiliar de serviços gerais Agemiro Júnior, 31 anos. Ele e alguns amigos fizeram um mutirão para capinar o lugar e retirar da área, por exemplo, cachorros mortos jogados no local. Porém, ainda falta muito para o conforto chegar. “À noite, parece um cemitério. Se quiser jogar futebol, vai ser igual a futebol de cego, a bola vai ter que ter um sino”, ironizou, indignado, o vidraceiro Tawan Kelvin da Silva, 19 anos.
Os vizinhos reclamam da má utilização do local, que é uma das pracinhas mais antigas de Ceilândia. Eles querem mais eventos culturais por ali. “Podia ter roda de samba, showzinho da galera que mora perto e mais torneios de esportes. Aqui era para ser um ponto de encontro do pessoal. Mas não tem nem luz. A gente fica aqui à noite conversando nas mesas e a polícia acha que é tudo bandido, traficante e revista todo mundo. Um monte de jovens no escuro acaba sendo suspeito”, reclamou o atendente de loja Douglas Vasques, 18 anos.
A comunidade começou, inclusive, a construir uma quadra de areia. Mas a verba não foi suficiente e o trabalho ficou pela metade. Restaram apenas os tijolos do projeto. “Compraram areia e outros materiais. Mas ficou aí um tempão e alguém roubou”, lamentou Júnior. “Eu venho aqui e planto várias mudas. Também venho aguar as plantinhas. E tem mais gente que faz isso. É um esforço bonito de ver. Mas precisamos de mais apoio”, reforçou.
Mesmo diante do abandono, há uma tradição de cuidados com o local. Quando tinha 12 anos, o serralheiro Emanuel Relton, hoje com 28, serrou barras de ferro e montou uma miniacademia com aparelhos simples de ginástica soldados por ele mesmo, na Praça da QNP 13. “Infelizmente, muita coisa estragou. Hoje o que temos aqui são os mesmos aparelhos de mais de 15 anos atrás. Nada melhora. Enquanto isso, outras praças de quadras mais novas recebem o maior investimento”, reclamou Relton.
A praça tem um vizinho “ilustre” e com poder para ajudar a resolver os problemas: o administrador de Ceilândia, Renato Santana. Ele assumiu o cargo há dois meses e mora na QNP 13. Por meio da assessoria de imprensa, Santana informou ao Correio que a sujeira na praça é vestígio do último evento, o Ferrock, ocorrido há mais de 10 dias. Ele alegou ter entrado em contato com a Companhia Energética de Brasília (CEB) para instalação de postes no local em até 15 dias. Santana alega que a manutenção é feita regularmente pelo Serviço de Limpeza Urbana (SLU) e pela Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap). O parquinho, segundo a administração, passou por reforma há menos de um ano. Os próprios moradores destroem o local, de acordo com a assessoria. O administrador, enquanto isso, diz estar à disposição de todos que queiram propor parcerias e soluções pelo telefone 3471-9816.
Fonte: Correio Braziliense
Membros da comunidade cansaram de esperar a manutenção do governo e decidiram agir. Um grupo de jovens se juntou para plantar árvores, grama, cortar o mato alto e até consertar os equipamentos de lazer. Há meses, eles organizaram um torneio de futebol amador. Cada um dos participantes deu R$ 2 para investir nas melhorias. Mas é preciso mais que isso para garantir a manutenção permanente do lugar.
“A administração constrói, mas não volta para fazer a manutenção. A gente tenta fazer alguma coisa para conservar o espaço da comunidade, mas sozinho fica difícil. As coisas quebram outra vez e, como não aparece ninguém para arrumar, os carroceiros acabam levando os ferros para casa”, explicou o auxiliar de serviços gerais Agemiro Júnior, 31 anos. Ele e alguns amigos fizeram um mutirão para capinar o lugar e retirar da área, por exemplo, cachorros mortos jogados no local. Porém, ainda falta muito para o conforto chegar. “À noite, parece um cemitério. Se quiser jogar futebol, vai ser igual a futebol de cego, a bola vai ter que ter um sino”, ironizou, indignado, o vidraceiro Tawan Kelvin da Silva, 19 anos.
Os vizinhos reclamam da má utilização do local, que é uma das pracinhas mais antigas de Ceilândia. Eles querem mais eventos culturais por ali. “Podia ter roda de samba, showzinho da galera que mora perto e mais torneios de esportes. Aqui era para ser um ponto de encontro do pessoal. Mas não tem nem luz. A gente fica aqui à noite conversando nas mesas e a polícia acha que é tudo bandido, traficante e revista todo mundo. Um monte de jovens no escuro acaba sendo suspeito”, reclamou o atendente de loja Douglas Vasques, 18 anos.
A comunidade começou, inclusive, a construir uma quadra de areia. Mas a verba não foi suficiente e o trabalho ficou pela metade. Restaram apenas os tijolos do projeto. “Compraram areia e outros materiais. Mas ficou aí um tempão e alguém roubou”, lamentou Júnior. “Eu venho aqui e planto várias mudas. Também venho aguar as plantinhas. E tem mais gente que faz isso. É um esforço bonito de ver. Mas precisamos de mais apoio”, reforçou.
Mesmo diante do abandono, há uma tradição de cuidados com o local. Quando tinha 12 anos, o serralheiro Emanuel Relton, hoje com 28, serrou barras de ferro e montou uma miniacademia com aparelhos simples de ginástica soldados por ele mesmo, na Praça da QNP 13. “Infelizmente, muita coisa estragou. Hoje o que temos aqui são os mesmos aparelhos de mais de 15 anos atrás. Nada melhora. Enquanto isso, outras praças de quadras mais novas recebem o maior investimento”, reclamou Relton.
A praça tem um vizinho “ilustre” e com poder para ajudar a resolver os problemas: o administrador de Ceilândia, Renato Santana. Ele assumiu o cargo há dois meses e mora na QNP 13. Por meio da assessoria de imprensa, Santana informou ao Correio que a sujeira na praça é vestígio do último evento, o Ferrock, ocorrido há mais de 10 dias. Ele alegou ter entrado em contato com a Companhia Energética de Brasília (CEB) para instalação de postes no local em até 15 dias. Santana alega que a manutenção é feita regularmente pelo Serviço de Limpeza Urbana (SLU) e pela Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap). O parquinho, segundo a administração, passou por reforma há menos de um ano. Os próprios moradores destroem o local, de acordo com a assessoria. O administrador, enquanto isso, diz estar à disposição de todos que queiram propor parcerias e soluções pelo telefone 3471-9816.
Fonte: Correio Braziliense
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