sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Dados de Ceilândia segundo a Codeplan

Cresce em Ceilândia o número de casas chefiadas por mulheres. Os lares em que elas assumiram o comando saltaram de 24,1%, em 2000, para 34,2% do total, no ano passado. A Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (Pdad) da cidade mais populosa do Distrito Federal, divulgada ontem pela Companhia de Planejamento (Codeplan), mostra como sem a presença do homem, moradoras precisaram se virar, na última década, para garantir o sustento da família. Até o fim deste ano, informações socioeconômicas das 30 regiões administrativas devem ser levantadas.

As mulheres representam 52% dos 398.374 habitantes de Ceilândia, cuja população avança 3,1% ao ano, ritmo mais acelerado do que os 2,3% da média do DF e do que os 1,23% do país. Metade já é nascida na cidade e 52% vivem ali há mais de 15 anos. A outra morava, principalmente, do Nordeste (32%) antes de desembarcar nas QNNs, QNMs e em setores como P Norte e P Sul. A pesquisa da Codeplan, realizada entre outubro e novembro de 2010, encontrou 106.037 domicílios na área urbana — 95,6% são casas. Sete em cada 10 residências são de propriedade dos moradores, quitadas ou em aquisição.





Mesmo com 44,7 mil moradores acima de 60 anos (11,2%), o perfil do ceilandense é jovem. A maior parte (27,1%) tem entre 25 e 39 anos. Quase 40% são casados, contra 30% de solteiros. Geane Brito dos Santos, 28 anos, ficou só quando engravidou da Eduarda, hoje com um ano de vida. Depois que o companheiro a deixou, a baiana de Barreiras, a 620km de Brasília, teve de fazer o próprio dinheiro. Trabalhou de babá, de auxiliar de escritório e ajudou os pais a comprar um lote no condomínio Sol Nascente, onde vive com a filha. A casa possui mais de cinco cômodos, como 74,7% dos domicílios da cidade.

A televisão da sala foi Geane quem comprou, assim como o notebook, um bem presente em 12,7% dos lares ceilandenses. “Você conhece os homens, né? Não são uma coisa 100% segura. Não dá para confiar neles sempre”, comentou a jovem, que está no último semestre do curso de pedagogia, pago do próprio bolso. “Aprendi a conquistar minhas coisas, com ou sem homem”, completou. Entre 2004 e 2010, a internet chegou à casa de Geane no Sol Nascente e a 37% das casas de Ceilândia. Ar-condicionado existe somente em 1,2% do total. “Isso é coisa de gente chique”, disse Geane.





O levantamento revelou que, apesar dos ganhos sociais, Ceilândia tem muito a avançar em relação à renda e à escolaridade da população. A maioria dos habitantes (36,4%) não concluiu o ensino fundamental. O ganho mensal médio per capita não passa de R$ 604. “Para elevar a renda, o governo precisará investir mais em educação”, avaliou o presidente da Codeplan, Miguel Lucena. “A situação ainda é precária. Cerca de 37% ganham até dois salários mínimos”, acrescentou Júlio Miragaya, diretor de Gestão de Informações da autarquia.

Nos últimos seis anos, porém, o mercado de trabalho na maior cidade do DF ampliou a oferta de vagas. “Ceilândia absorve um terço dos empregados”, ressaltou a coordenadora da Pdad, Iraci Moreira Peixoto. O comércio é a atividade de 33,3% dos moradores.

Rosilda Pereira Cavalcante, 39 anos, sobrevive do lucro do salão de beleza instalado ao lado de casa, no P Sul. Há dois anos, o marido foi embora e ela precisou redobrar o esforço para cuidar do casal de filhos, de 20 anos e 22 anos. “Eles ainda não trabalham. É muito peso em cima de uma pessoa só”, desabafou.

Ela nasceu no Piauí, estado de origem de 7,7% dos ceilandenses. Cresceu na cidade e, com o ofício de cabeleireira, montou a casa de sala, cozinha, três quartos e três banheiros onde vive com os filhos. “É financiada, mas estou pagando.” Longe dos condomínios à espera de regularização, Rosilda mora na Ceilândia bem estruturada: com água potável, rede de esgoto, rua asfaltada, iluminação pública e rede de água pluvial. A comerciante anda de carro, como 51,6% da população, e tem aparelho de DVD, encontrado em 77,4% das casas.



Fonte: Correio Braziliense, Rede Globo e Tribuna do Brasil

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