O melhor do Cruzeiro se revela nas pequenas coisas. Nas conversas com os vizinhos a caminho da padaria, no jogo de dominó nos bancos da praça, no companheirismo das pessoas. “Aqui, o povo se ajuda. Dia desses, esqueci minha carteira em um quiosque e um rapaz que nem me conhece veio correndo atrás de mim. Fiquei emocionado”, conta o servidor aposentado do Ministério da Saúde Armando Antunes, 72 anos, um dos milhares de cariocas transferidos na marra para o Planalto Central no início dos anos 60. Como a maioria, ele não gostou nada do que viu quando chegou, mas acabou criando raízes e transformou a cidade naquilo que sonhava. Hoje, “seu” Armando e outros 44 mil brasilienses dão parabéns ao Cruzeiro. Lá se vão 50 anos desde que as primeiras casinhas geminadas em uma rua de terra foram ocupadas por famílias recém-chegadas do moderno e consolidado Rio de Janeiro. E hoje é dia de apagar as velinhas, a partir das 10h, em frente ao ginásio de esportes da cidade.
Os atualmente orgulhosos moradores de um local bem localizado, valorizado e com baixos índices de criminalidade já tiveram medo do que os esperava. “Imagina você sair de uma cidade como o Rio de Janeiro e vir morar no meio do mato, vendo aquela poeira vermelha. Deu um desânimo quando eu vi!”, lembra a aposentada Ivone de Araújo Eduardo, 78, que ganhou dos demais pioneiros o título de primeira moradora do Cruzeiro. “Eu cheguei em 30 de março de 1959. Tinha 27 anos na época. Meu marido, funcionário do Ministério da Fazenda, havia sido transferido, e eu, que trabalhava no INSS, também tive que vir . Trouxemos nossa filha de cinco anos”, conta ela. “Quando conhecemos nossa casa (na Quadra 4, onde vive até hoje), não tinha ninguém ainda. Era desolador. E eu recebi as chaves da casa para mostrar a quem chegava. Em uns dois meses já tinha 10 mil pessoas aqui”.
As casas eram todas iguais nas primeiras ruas. Logo de início, os cariocas compararam o cenário com cemitérios de Rio de Janeiro, em especial o do Caju, e nasceu o primeiro apelido da cidade ainda sem nome: Cemitério. Com o tempo, um grupo de aves que sobrevoavam diariamente a entrada do local, onde hoje fica a 3ª Delegacia de Polícia, garantiu um nome mais simpático para o local — Gavião, animal que também virou símbolo da escola de samba mais tradicional do DF. O nome definitivo da cidade seria inspirado na praça onde havia sido celebrada a Primeira Missa — a Praça do Cruzeiro.
Dona Ivone, que nunca abandonou o posto de enfermeira do INSS, se aposentou há 10 anos. Viu as quadras serem construídas, os serviços públicos serem instalados e a cidade se consolidar. Ama o Cruzeiro, mas aproveita para pedir a ação do governo na cidade. “Está muito feio. O mato está tomando conta, as praças estão abandonadas. Espero que essa data sirva para nos ajudar, já que Brasília está sendo toda reformada”, reclama ela, que se emociona com a história do lugar. “Eu vi o sonho de Brasília ser construído. Vi as cidades crescendo: o Cruzeiro, o Plano Piloto, o Núcleo Bandeirante… Eu vi muita coisa. Acho que isso é importante né?” Certamente.
Fonte: Correio Braziliense
Os atualmente orgulhosos moradores de um local bem localizado, valorizado e com baixos índices de criminalidade já tiveram medo do que os esperava. “Imagina você sair de uma cidade como o Rio de Janeiro e vir morar no meio do mato, vendo aquela poeira vermelha. Deu um desânimo quando eu vi!”, lembra a aposentada Ivone de Araújo Eduardo, 78, que ganhou dos demais pioneiros o título de primeira moradora do Cruzeiro. “Eu cheguei em 30 de março de 1959. Tinha 27 anos na época. Meu marido, funcionário do Ministério da Fazenda, havia sido transferido, e eu, que trabalhava no INSS, também tive que vir . Trouxemos nossa filha de cinco anos”, conta ela. “Quando conhecemos nossa casa (na Quadra 4, onde vive até hoje), não tinha ninguém ainda. Era desolador. E eu recebi as chaves da casa para mostrar a quem chegava. Em uns dois meses já tinha 10 mil pessoas aqui”.
As casas eram todas iguais nas primeiras ruas. Logo de início, os cariocas compararam o cenário com cemitérios de Rio de Janeiro, em especial o do Caju, e nasceu o primeiro apelido da cidade ainda sem nome: Cemitério. Com o tempo, um grupo de aves que sobrevoavam diariamente a entrada do local, onde hoje fica a 3ª Delegacia de Polícia, garantiu um nome mais simpático para o local — Gavião, animal que também virou símbolo da escola de samba mais tradicional do DF. O nome definitivo da cidade seria inspirado na praça onde havia sido celebrada a Primeira Missa — a Praça do Cruzeiro.
Dona Ivone, que nunca abandonou o posto de enfermeira do INSS, se aposentou há 10 anos. Viu as quadras serem construídas, os serviços públicos serem instalados e a cidade se consolidar. Ama o Cruzeiro, mas aproveita para pedir a ação do governo na cidade. “Está muito feio. O mato está tomando conta, as praças estão abandonadas. Espero que essa data sirva para nos ajudar, já que Brasília está sendo toda reformada”, reclama ela, que se emociona com a história do lugar. “Eu vi o sonho de Brasília ser construído. Vi as cidades crescendo: o Cruzeiro, o Plano Piloto, o Núcleo Bandeirante… Eu vi muita coisa. Acho que isso é importante né?” Certamente.
Fonte: Correio Braziliense
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