segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Capacidade de barragem diminui

Ano de 1974. De longe, era possível ver a imensidão e fartura de água da Barragem do Descoberto, responsável por dois terços (65%) do abastecimento do Distrito Federal. Naquele tempo, as construções começavam a surgir em grande escala e o verde das matas ciliares acabou sendo esmagado com a ocupação humana, fator que contribuiu para o assoreamento do lago e, consequentemente, a degradação ambiental. De lá para cá, o cenário mudou drasticamente. Em 25 anos, o volume de água caiu 18% e a vazão, que era de 6 mil metros cúbicos por segundo, baixou para 5,4 mil. A perda é de 600 litros por segundo ou 36 mil litros por minuto, 2,1 milhões de litros por hora e 51,8 bilhões ao ano. O líquido perdido diariamente é mais do que suficiente para abastecer toda Taguatinga, onde há mais de 300 mil habitantes.

A Barragem do Descoberto está localizada às margens da
BR-070 (rodovia que liga o Plano Piloto a Águas Lindas), a poucos metros da divisa do DF com Goiás. Inicialmente, a área inundada era de 14,8km², mas hoje são 12,4km². O maior problema fica na região de Águas Lindas, onde diversas moradias se fixaram nas últimas décadas sem que houvesse preocupação com infraestrutura. O resultado não poderia ser outro: durante o período de chuvas, com a perda de vegetação natural, o solo fica desprotegido e a água acaba escorrendo pela superfície em vez de se infiltrar na terra e abastecer o lençol freático. Além de provocar erosões, a força da água também carrega para dentro dos mananciais todo tipo de resíduos, como barro, areia e lixo, o que dificulta ainda mais o processo de vazão.

De acordo com o supervisor de meio ambiente da Companhia de Saneamento de Brasília (Caesb), Maurício Luduvice, o crescimento urbano desordenado em cidades próximas do manancial não é o único vilão da história, embora contribua significativamente para a escassez de água. “Além dessa ocupação não planejada, temos também a questão da educação das pessoas. Muitas acham que lago é depósito de lixo. Temos de mudar essa consciência”, explicou, mencionando ainda fatores climáticos e geológicos que podem ter parcela de culpa na diminuição do volume da barragem.

A situação do manancial ainda passa despercebida pela maioria população. O comerciante Valdigne Ferreira, 53 anos, por exemplo, mora há três anos em uma região de chácaras de

Brazlândia, próximo à Barragem do Descoberto. Ele avalia que é importante o cuidado com o manancial, mas diz não ter notado a diminuição do volume de água no lago que abastece mais de um milhão de pessoas em Ceilândia, Taguatinga, Plano Piloto, Samambaia e Recanto das Emas. “Na época da seca, é normal baixar um pouco, mas nunca vi faltar água na região”, disse.

Embora nem todos percebam, o Lago do Descoberto agoniza, como se a morte viesse lentamente, com o passar dos anos. Em razão desse risco, especialistas correm contra o tempo para evitar que o nível do reservatório baixe ainda mais e comece a afetar a distribuição de água nas cidades do DF. Para isso, o Instituto Brasília Ambiental (Ibram), em parceria com a Agência Reguladora de Águas e Saneamento (Adasa), Caesb e outros órgãos de proteção ambiental trabalham para recompor a vegetação perdida, a fim de reduzir os impactos provocados pelas invasões. Um deles é o projeto de plantio de 130 mil mudas de espécies nativas ao longo da orla do lago e a realização de um trabalho de conscientização com os moradores e agricultores da região.


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Fonte: Correio Braziliense

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