quarta-feira, 21 de abril de 2010

O crescimento desordenado de Ceilândia

A maior região administrativa do Distrito Federal, Ceilândia sofre com o crescimento desordenado. Atualmente com 40 anos, a RA IX tem sete bairros legalizados, além de condomínios e expansões irregulares. Com aproximadamente 550 mil habitantes, a RA tem a maior população do DF.

Segundo o arquiteto e gerente de planejamento territorial da Administração Regional da cidade, Manoel Alves Furtado, a história de Ceilândia começou com as primeiras invasões na divisa com Taguatinga, hoje conhecidas como Setor Sul e Norte. “Ceilândia veio de uma invasão. Era para fazer parte de Taguatinga e ter sido uma cidade dormitório, mas acabou tendo que se desvincular devido ao crescimento. A cidade foi aumentando à revelia, sem ordenamento territorial”, explica Furtado.
O arquiteto lembra ainda que, no início, não era permitido a construção de casas com dois pavimentos nem o comércio, pois o local seria uma cidade dormitório. “Somente em 1995, com o plano diretor, é que foi permitido à cidade se desenvolver legalmente, assim também como foi permitido a construção do comércio e grandes empreendimentos”, diz Furtado.

Apesar de muitos moradores pioneiros de Ceilândia serem nordestinos, que vieram tentar uma vida melhor na cidade, de acordo com Manoel, a maioria deles são os que possuíam moradias em fundos de quintais nas redondezas de Brasília. “Muitos moravam em fundos de quintais e ocuparam lotes para não perdê-los; outros, porém, eram grileiros, que se aproveitavam e vendiam lotes por meio de documentos informais de concessão de uso, sem valor legal”, explica o gerente da administração.

Atualmente, algumas áreas de Ceilândia ainda estão em processo de regularização, tais como os condomínios Sol Nascente, Privê, Por do Sol e Boa Vista. Contudo, a RA se tornou um grande atrativo no que se refere à moradia, principalmente por ser localizada perto da área central de Brasília. “A região é privilegiada por ser de fácil acesso a duas BRs – a 060 e a 070. As novas obras de ligação vão valorizar ainda mais a cidade, que já é muito procurada, principalmente para investimentos habitacionais. O comércio também cresceu muito. Prédios, indústrias e grandes empreendimentos estão surgindo. Não se compra mais um lote regularizado por menos de R$ 6 mil”, revela Furtado.

No entanto, o gerente analisa que o maior problema da região é que a evolução da cidade não acompanhou o crescimento populacional. “Falta muito para o governo atender toda a população. Falta estrutura. Temos somente um hospital, que já está saturado. Falta segurança. Já a educação está sendo bem atendida. Temos mais de 91 escolas públicas – uma média de uma escola para cada quadra”, afirma Furtado.



Fonte: Tribuna do Brasil

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