Equipamentos antigos, cédulas que não têm mais valor e uma coleção de bichinhos de pelúcia. Tudo podia ter se perdido em meio ao lixo, mas virou arte, com direito a um espaço especial. O acervo do Museu da Limpeza Urbana, localizado na Usina de Tratamento de Lixo de Ceilândia, é composto por peças encontradas em lugares pouco comuns — os lixões. Recolhidos, objetos considerados sem valor ganham significado e servem até como instrumentos de ensino para crianças e adultos.
Uma das atrações mais antigas da casa, um boneco feito de restos de metal, recepciona os visitantes. O trabalho é coordenado por funcionários do Serviço de Limpeza Urbana (SLU), que criaram o espaço em 1996. A ideia surgiu do chefe da usina na época, Cícero Carlos Gomes de Lacerda, que hoje é o responsável pelo tratamento do lixo no Plano Piloto. “Eu vi na televisão um ambientalista dizendo que o lixo podia se transformar em arte e foi isso que eu resolvi fazer”, lembra. O funcionário do SLU começou, então, a juntar objetos encontrados no lixão em um pequeno escritório. A quantidade ia aumentando dia a dia até ser criado o acervo. “É uma pena que o museu não esteja mais na trilha de visitação de Brasília. Precisamos de apoio”, relata Cícero.
São cerca de 300 peças, entre elas máquinas fotográficas velhas, câmeras filmadoras, aparelhos de televisão, computadores e até um equipamento de telex. Tudo retirado do lixo. Outras aquisições foram conseguidas por meio de doações. O novo xodó do espaço cultural é um piano antigo, original do Rio de Janeiro. O instrumento foi buscado pelos próprios funcionários do SLU e ganhou lugar de destaque, já estando prevista uma reforma para ele. Nas teclas amareladas pelo tempo, o registro de uma época remota e o orgulho de quem valoriza o lixo. “Tem gente que entra aqui para visitar a usina e nem imagina que um lugar assim existe”, orgulha-se Alzira Alexandre da Silva, funcionária que já foi uma das responsáveis pelo museu e que hoje se ocupa com serviços administrativos. “Mas sempre que tenho uma folguinha dou um pulo aqui. Eu gosto.”
Por meio dos objetos expostos, várias histórias são contadas. Uma delas é da limpeza urbana no Distrito Federal. Uniformes antigos utilizados pelos servidores nas usinas, bem como capacetes, podem ser observados em uma parte especial do espaço. Quadros na entrada do acervo mostram, nas imagens em preto e branco, como o sistema evoluiu nos 50 anos de criação da cidade. Ao lado, um pequeno quadro relembra a história do ex-presidente Juscelino Kubitschek.
Os grandes bonecos Garibanda e Garibaldo também fazem parte dessa história. Eles eram expostos em um grupo musical de garis que já não existe mais. Outra atração é o Gabolixo, um boneco montado, também, por funcionários da casa, com diferentes tipos de material reciclável. “Estamos sempre recebendo alguma coisa nova, mas não conseguimos ter um controle de todas as peças ainda. Boa parte do que está aqui, eu mesma trouxe”, relembra Alzira.
A evolução tecnológica no Brasil também é contada por meio das peças do museu. Entre as lembranças históricas, estão televisões em preto e branco e uma série dos primeiros modelos de celulares que chegaram ao país nos anos 90. Popularmente conhecidos como “tijolões”, os diferentes aparelhos ocupam três pequenas prateleiras e estão entre as atrações preferidas das crianças que visitam o museu em passeios escolares. Com eles podem ser vistos telefones movidos a ficha e outros modelos um tanto inusitados. “Eles adoram, querem logo pegar, ficam comparando com os de hoje. É bom para saberem como as coisas eram”, considera Alzira.
A cada semana, o museu recebe cerca de dois grupos de crianças em idade escolar. O passeio é gratuito, só precisa ser pré-agendado. Na viagem ao tempo, os pequenos aprendem também a importância da reciclagem e conhecem peças feitas a partir do reaproveitamento do lixo. Mas não são só as crianças que aprendem. O museu também recebe uma quantidade considerável de visitantes adultos. “Muitos vêm aqui porque estão fazendo trabalhos de faculdade na área de reciclagem, ou também porque se interessam pelo assunto”, informa o assistente da Gerência de Usinas do SLU, Luis Carlos de Jesus.
Máquinas de escrever e uma mesa com máquina de costura embutida que ainda funciona completam a viagem ao tempo. Ao lado, o primeiro dispositivo de colocar preço em mercadorias, vários tipos de relógios antigos e um computador da década de 1970, todo revestido em madeira. “É a evolução contada pelo lixo. Nós ainda nos lembramos das história, mas as crianças não sabem que isso existiu”, destaca o orientador do SLU, Luiz Alves da Silva.
A diversidade das peças expostas no Museu da Limpeza Urbana já ocasionou situações curiosas para quem trabalha ali. Há cerca de um ano, o espaço foi cercado pelo Corpo de Bombeiros. Tudo porque duas granadas achadas no lixo e que estavam expostas ainda apresentavam risco de explosão. “A partir daí, a gente passou a ter mais atenção. Foi um susto!”, lembra Alzira.
Algumas peças também já desapareceram da exposição. Foi o caso de uma bicicleta antiga, única do mostruário. “Um belo dia, ela não estava mais aqui”, conta. Agora, o idealizador do museu, Cícero Carlos, pretende abrir um outro espaço para mostra de objetos resgatados do lixo, dessa vez na Usina de Tratamento da L4 Sul. “Já temos o projeto, falta executar. Eu queria fazer uma trilha ecológica até chegar ao museu”, planeja.
Fonte: Correio Braziliense
Uma das atrações mais antigas da casa, um boneco feito de restos de metal, recepciona os visitantes. O trabalho é coordenado por funcionários do Serviço de Limpeza Urbana (SLU), que criaram o espaço em 1996. A ideia surgiu do chefe da usina na época, Cícero Carlos Gomes de Lacerda, que hoje é o responsável pelo tratamento do lixo no Plano Piloto. “Eu vi na televisão um ambientalista dizendo que o lixo podia se transformar em arte e foi isso que eu resolvi fazer”, lembra. O funcionário do SLU começou, então, a juntar objetos encontrados no lixão em um pequeno escritório. A quantidade ia aumentando dia a dia até ser criado o acervo. “É uma pena que o museu não esteja mais na trilha de visitação de Brasília. Precisamos de apoio”, relata Cícero.
São cerca de 300 peças, entre elas máquinas fotográficas velhas, câmeras filmadoras, aparelhos de televisão, computadores e até um equipamento de telex. Tudo retirado do lixo. Outras aquisições foram conseguidas por meio de doações. O novo xodó do espaço cultural é um piano antigo, original do Rio de Janeiro. O instrumento foi buscado pelos próprios funcionários do SLU e ganhou lugar de destaque, já estando prevista uma reforma para ele. Nas teclas amareladas pelo tempo, o registro de uma época remota e o orgulho de quem valoriza o lixo. “Tem gente que entra aqui para visitar a usina e nem imagina que um lugar assim existe”, orgulha-se Alzira Alexandre da Silva, funcionária que já foi uma das responsáveis pelo museu e que hoje se ocupa com serviços administrativos. “Mas sempre que tenho uma folguinha dou um pulo aqui. Eu gosto.”
Por meio dos objetos expostos, várias histórias são contadas. Uma delas é da limpeza urbana no Distrito Federal. Uniformes antigos utilizados pelos servidores nas usinas, bem como capacetes, podem ser observados em uma parte especial do espaço. Quadros na entrada do acervo mostram, nas imagens em preto e branco, como o sistema evoluiu nos 50 anos de criação da cidade. Ao lado, um pequeno quadro relembra a história do ex-presidente Juscelino Kubitschek.
Os grandes bonecos Garibanda e Garibaldo também fazem parte dessa história. Eles eram expostos em um grupo musical de garis que já não existe mais. Outra atração é o Gabolixo, um boneco montado, também, por funcionários da casa, com diferentes tipos de material reciclável. “Estamos sempre recebendo alguma coisa nova, mas não conseguimos ter um controle de todas as peças ainda. Boa parte do que está aqui, eu mesma trouxe”, relembra Alzira.
A evolução tecnológica no Brasil também é contada por meio das peças do museu. Entre as lembranças históricas, estão televisões em preto e branco e uma série dos primeiros modelos de celulares que chegaram ao país nos anos 90. Popularmente conhecidos como “tijolões”, os diferentes aparelhos ocupam três pequenas prateleiras e estão entre as atrações preferidas das crianças que visitam o museu em passeios escolares. Com eles podem ser vistos telefones movidos a ficha e outros modelos um tanto inusitados. “Eles adoram, querem logo pegar, ficam comparando com os de hoje. É bom para saberem como as coisas eram”, considera Alzira.
A cada semana, o museu recebe cerca de dois grupos de crianças em idade escolar. O passeio é gratuito, só precisa ser pré-agendado. Na viagem ao tempo, os pequenos aprendem também a importância da reciclagem e conhecem peças feitas a partir do reaproveitamento do lixo. Mas não são só as crianças que aprendem. O museu também recebe uma quantidade considerável de visitantes adultos. “Muitos vêm aqui porque estão fazendo trabalhos de faculdade na área de reciclagem, ou também porque se interessam pelo assunto”, informa o assistente da Gerência de Usinas do SLU, Luis Carlos de Jesus.
Máquinas de escrever e uma mesa com máquina de costura embutida que ainda funciona completam a viagem ao tempo. Ao lado, o primeiro dispositivo de colocar preço em mercadorias, vários tipos de relógios antigos e um computador da década de 1970, todo revestido em madeira. “É a evolução contada pelo lixo. Nós ainda nos lembramos das história, mas as crianças não sabem que isso existiu”, destaca o orientador do SLU, Luiz Alves da Silva.
A diversidade das peças expostas no Museu da Limpeza Urbana já ocasionou situações curiosas para quem trabalha ali. Há cerca de um ano, o espaço foi cercado pelo Corpo de Bombeiros. Tudo porque duas granadas achadas no lixo e que estavam expostas ainda apresentavam risco de explosão. “A partir daí, a gente passou a ter mais atenção. Foi um susto!”, lembra Alzira.
Algumas peças também já desapareceram da exposição. Foi o caso de uma bicicleta antiga, única do mostruário. “Um belo dia, ela não estava mais aqui”, conta. Agora, o idealizador do museu, Cícero Carlos, pretende abrir um outro espaço para mostra de objetos resgatados do lixo, dessa vez na Usina de Tratamento da L4 Sul. “Já temos o projeto, falta executar. Eu queria fazer uma trilha ecológica até chegar ao museu”, planeja.
Fonte: Correio Braziliense
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